Subtileza é para livros. Você pode voltar e reler uma passagem para saborear todas as metáforas e insinuações. Mas ela não serve para um programa bombástico como o Top Gear, e é por isso que ninguém percebeu a importância de terminarmos a temporada de 2008 com James May testando o Honda Clarity movido a hidrogénio.
Você deve ter achado um pouco sério demais - deveria ter visto a explicação técnica de 45 minutos que James planeou – e deve ter imaginado por que deveríamos terminar um programa que apresentou saltos com trailers, a história dos acidentes nos campeonatos de Turismo, com aquele olhar seco e directo sobre o Clarity.
Simples. Estávamos tentando ser subtis. Estávamos a tentar mostrar que este é o carro mais importante desde que o carro foi inventado. Que, com um tiro só, a Honda matou dois grandes problemas da sociedade moderna, os politicamente-correctos e os incorrectos. Remete à questão sobre o que faremos quando o petróleo acabar e cala todos que nos fizeram acreditar que os carros estão derretendo as calotas polares. Resumindo (e tirando a subtileza), o Clarity significa que podemos dormir tranquilos.
Como ele apenas liberta água, não há motivos para não conectá-lo à sua casa e usar seu motor para mover todos os aparelhos electrónicos. Todos mesmo. Mesmo se você vive num palácio. Ele realmente é a solução para tudo.
Infelizmente, é muito difícil obter hidrogénio. Actualmente não há infra-estruturas para transportá-lo ou vendê-lo. E o Clarity, honestamente, é só Géneses. Precisamos passar pelo Êxodo, Deuteronómio, Números e todo o Antigo Testamento antes que você possa comprar e rodar com o Clarity com funcionalidade e preço razoável.
Normalemente todos esses problemas podem ser solucionados com dinheiro. Mas isso é uma coisa que a indústria de carros não tem agora. Também não terá em um futuro próximo. Outras indústrias? É difícil pensar em uma. As petrolíferas estão confusas com o barril do seu ouro líquido vendido a somente $50. E se alguém pensar em invenstir nisso, descobrirá que os bancos não estão a emprestar dinheiro. Resumindo, e sem subtileza, dinheiro é uma coisa que o mundo não tem.
Também parece que as fábricas de carros vão optar pelo modo mais barato e mais fácil de fazer híbridos estúpidos, como o Prius, que todos os críticos podem dizer que não passa de um jeito complicado de fazer as pessoas sentirem que estão a fazer um esforço para salvar o planeta. Como leitores de um site de automoveis, sabemos que eles não estão fazendo isso. Híbridos consomem muita energia durante a sua produção e são ecologicamente devastadores quando tirados de circulação. E fazem, no máximo, 16km/l.
Fazer um híbrido para evitar o desastre é como substituir um vidro partido por um plástico. Ele deixa o ambiente aconchegante e aquecido novamente, mas ainda poderá ser assaltado. Precisa de um substituto para o espaço vazio? Precisa de hidrogénio? É caro e você não tem dinheiro. Também não vai ter até que as pessoas voltem a comprar os seus produtos. Eles não compram porque não têm dinheiro também. E se tivessem, não gastariam, porque o Daily Mail vai dizer que eles são presunçosos, extravagantes e vão causar cancro da mama.
Eu temo que (pelo andar da carruagem) não haverá nenhum grande avanço. Não haverá revolução. Os híbridos continuarão a ser comprados por tolos desinformados, o Clarity continuará driblando na Califórnia e o carro como conhecemos seguirá sem mudanças.
Entretanto, acho que eles se tornarão mais entediantes. Nos últimos anos recebemos quase toda semana, uma ligação de um homem a dizer que fez um carro V48 de £8 milhões e que o Stig gostaria de dar uma volta na nossa pista.
Vimos a Aston Martin etiquetando seus carros com a técnica “pense num número, agora duplique”. Tivemos a Lamborghini e a Porsche a trabalhar em supercarros fantasticamente caros de quatro portas. A Mercedes fazer um SL que custa £250 mil e a BMW imaginando que o que mundo precisa mesmo é da magnificência estúpida do X6. O mundo todo colou o nariz nos vidros e as empresas ficaram muito felizes em nos alimentar com caviar. Foi divertido, honestamente, mas agora acabou.
Isso não precisa ser necessariamente uma coisa má. Estive a andando por Londres num outro dia e, estranhamente, todas as concessionárias da Park Lane pareciam fora de moda, meio gordas, meio “última-semana”. Enquanto isso a loja vermelha e branca da Fiat na praça Berkeley parecia perfeitamente normal. Eu queria quase tudo dela. E quando chegaram com o 500 Abarth (que ouvi dizer que terá 200hp em um futuro próximo) eu fiquei muito inclinado a entrar e comprar alguma coisa.
Esse será o segredo dos fabricantes. Eles terão que pegar nos seus Panda “café-com-leite” e torná-los muito mais atraentes com uma pincelada aqui e um traço ali.
Vou contar um pequeno segredo: no mundo real, bem longe do enorme espaço da pista de testes do Top Gear, dirigir o Fiat 500 é muito mais divertido do que o Zonda. O Zonda correria mais, só que numa estrada secundária ondulada você sorriria muito mais num Fiat. Juro. Ou num MINI. Ou num pequeno Ford.
No futuro não distante, carros como estes tornar-se-ão regra para os entusiastas assim como nos anos 80, as pessoas venderam seus Gordon-Keebles e Bentleys para comprar um Golf GTi. Em vez de ficar a sonhando com o dia em que você comprará um Gallardo ou Scuderia, você deveria diminuir suas aspirações para algo como o novo BMW Z4.
Isso parece-me tão claro hoje como o X6 ser um erro. Há um ano atrás (que parece mais distantes que o século XIX) o Z4 era uma porcaria. Culparam o desenho exótico pelas fracas vendas, o que deve ser verdade, mas eu percebo que o motivo principal é que ele não vendeu por que era muito barato. Os compradores entravam na loja para comprar um quatro e saiam com um seis. E por que não fazer isso?
O novo modelo é equilibrado como o antigo, mas menos exótico. É muito bonito. Também tem o tecto de metal e, claro, é um BMW, o que não é um problema hoje porque os exibidos estão a comprar o Audi TT.
Estranho, não? As mudanças do Z4 são bem-vindas mas um pouco superficiais. Você pode até considerá-las subtis. Realmente, permaneceu o mesmo e o mundo mudou. Nós costumávamos sonhar em sair com uma modelo famosa, mas agora, parece que crescemos e percebemos que é melhor sonhar em sair com a vizinha bonita.
Há dois anos atrás, disse que o Z4 era um pouco enfadonho. Agora... quero um.
Você deve ter achado um pouco sério demais - deveria ter visto a explicação técnica de 45 minutos que James planeou – e deve ter imaginado por que deveríamos terminar um programa que apresentou saltos com trailers, a história dos acidentes nos campeonatos de Turismo, com aquele olhar seco e directo sobre o Clarity.
Simples. Estávamos tentando ser subtis. Estávamos a tentar mostrar que este é o carro mais importante desde que o carro foi inventado. Que, com um tiro só, a Honda matou dois grandes problemas da sociedade moderna, os politicamente-correctos e os incorrectos. Remete à questão sobre o que faremos quando o petróleo acabar e cala todos que nos fizeram acreditar que os carros estão derretendo as calotas polares. Resumindo (e tirando a subtileza), o Clarity significa que podemos dormir tranquilos.
Como ele apenas liberta água, não há motivos para não conectá-lo à sua casa e usar seu motor para mover todos os aparelhos electrónicos. Todos mesmo. Mesmo se você vive num palácio. Ele realmente é a solução para tudo.
Infelizmente, é muito difícil obter hidrogénio. Actualmente não há infra-estruturas para transportá-lo ou vendê-lo. E o Clarity, honestamente, é só Géneses. Precisamos passar pelo Êxodo, Deuteronómio, Números e todo o Antigo Testamento antes que você possa comprar e rodar com o Clarity com funcionalidade e preço razoável.
Normalemente todos esses problemas podem ser solucionados com dinheiro. Mas isso é uma coisa que a indústria de carros não tem agora. Também não terá em um futuro próximo. Outras indústrias? É difícil pensar em uma. As petrolíferas estão confusas com o barril do seu ouro líquido vendido a somente $50. E se alguém pensar em invenstir nisso, descobrirá que os bancos não estão a emprestar dinheiro. Resumindo, e sem subtileza, dinheiro é uma coisa que o mundo não tem.
Também parece que as fábricas de carros vão optar pelo modo mais barato e mais fácil de fazer híbridos estúpidos, como o Prius, que todos os críticos podem dizer que não passa de um jeito complicado de fazer as pessoas sentirem que estão a fazer um esforço para salvar o planeta. Como leitores de um site de automoveis, sabemos que eles não estão fazendo isso. Híbridos consomem muita energia durante a sua produção e são ecologicamente devastadores quando tirados de circulação. E fazem, no máximo, 16km/l.
Fazer um híbrido para evitar o desastre é como substituir um vidro partido por um plástico. Ele deixa o ambiente aconchegante e aquecido novamente, mas ainda poderá ser assaltado. Precisa de um substituto para o espaço vazio? Precisa de hidrogénio? É caro e você não tem dinheiro. Também não vai ter até que as pessoas voltem a comprar os seus produtos. Eles não compram porque não têm dinheiro também. E se tivessem, não gastariam, porque o Daily Mail vai dizer que eles são presunçosos, extravagantes e vão causar cancro da mama.
Eu temo que (pelo andar da carruagem) não haverá nenhum grande avanço. Não haverá revolução. Os híbridos continuarão a ser comprados por tolos desinformados, o Clarity continuará driblando na Califórnia e o carro como conhecemos seguirá sem mudanças.
Entretanto, acho que eles se tornarão mais entediantes. Nos últimos anos recebemos quase toda semana, uma ligação de um homem a dizer que fez um carro V48 de £8 milhões e que o Stig gostaria de dar uma volta na nossa pista.
Vimos a Aston Martin etiquetando seus carros com a técnica “pense num número, agora duplique”. Tivemos a Lamborghini e a Porsche a trabalhar em supercarros fantasticamente caros de quatro portas. A Mercedes fazer um SL que custa £250 mil e a BMW imaginando que o que mundo precisa mesmo é da magnificência estúpida do X6. O mundo todo colou o nariz nos vidros e as empresas ficaram muito felizes em nos alimentar com caviar. Foi divertido, honestamente, mas agora acabou.
Isso não precisa ser necessariamente uma coisa má. Estive a andando por Londres num outro dia e, estranhamente, todas as concessionárias da Park Lane pareciam fora de moda, meio gordas, meio “última-semana”. Enquanto isso a loja vermelha e branca da Fiat na praça Berkeley parecia perfeitamente normal. Eu queria quase tudo dela. E quando chegaram com o 500 Abarth (que ouvi dizer que terá 200hp em um futuro próximo) eu fiquei muito inclinado a entrar e comprar alguma coisa.
Esse será o segredo dos fabricantes. Eles terão que pegar nos seus Panda “café-com-leite” e torná-los muito mais atraentes com uma pincelada aqui e um traço ali.
Vou contar um pequeno segredo: no mundo real, bem longe do enorme espaço da pista de testes do Top Gear, dirigir o Fiat 500 é muito mais divertido do que o Zonda. O Zonda correria mais, só que numa estrada secundária ondulada você sorriria muito mais num Fiat. Juro. Ou num MINI. Ou num pequeno Ford.
No futuro não distante, carros como estes tornar-se-ão regra para os entusiastas assim como nos anos 80, as pessoas venderam seus Gordon-Keebles e Bentleys para comprar um Golf GTi. Em vez de ficar a sonhando com o dia em que você comprará um Gallardo ou Scuderia, você deveria diminuir suas aspirações para algo como o novo BMW Z4.
Isso parece-me tão claro hoje como o X6 ser um erro. Há um ano atrás (que parece mais distantes que o século XIX) o Z4 era uma porcaria. Culparam o desenho exótico pelas fracas vendas, o que deve ser verdade, mas eu percebo que o motivo principal é que ele não vendeu por que era muito barato. Os compradores entravam na loja para comprar um quatro e saiam com um seis. E por que não fazer isso?
O novo modelo é equilibrado como o antigo, mas menos exótico. É muito bonito. Também tem o tecto de metal e, claro, é um BMW, o que não é um problema hoje porque os exibidos estão a comprar o Audi TT.
Estranho, não? As mudanças do Z4 são bem-vindas mas um pouco superficiais. Você pode até considerá-las subtis. Realmente, permaneceu o mesmo e o mundo mudou. Nós costumávamos sonhar em sair com uma modelo famosa, mas agora, parece que crescemos e percebemos que é melhor sonhar em sair com a vizinha bonita.
Há dois anos atrás, disse que o Z4 era um pouco enfadonho. Agora... quero um.